Na remota Ilha Deception, na Antártica, o vapor sobe das praias, e as geleiras pontilham as encostas negras do que é na verdade um vulcão ativo – um raro choque de gelo e fogo que fornece pistas aos cientistas sobre como poderia ser a vida em Marte.
Este local singular, em forma de ferradura nas Ilhas Shetland do Sul, é o único no mundo onde os navios podem adentrar a caldeira de um vulcão em atividade.
As águas circundantes, a cerca de 420 km de Port Williams, no Chile, abrigam uma surpreendente variedade de vida marinha, incluindo peixes, crustáceos, anêmonas e esponjas. Além disso, formas únicas de líquen e musgo prosperam na superfície, criando um ecossistema de extremos notáveis.
Embora desabitada por seres humanos, a ilha abriga uma das maiores colônias mundiais de pinguins, aves marinhas, focas e leões marinhos. Este vulcão tem um histórico de milhares de anos de atividade, com erupções recentes nas décadas de 1960 e 1970, impactando bases britânicas, chilenas e argentinas.
Ilha na Antártica e Marte compartilham características peculiares
Em declaração à agência AFP de notícias, o geólogo planetário espanhol Miguel de Pablo destaca a semelhança peculiar entre a Ilha Deception e Marte. Segundo ele, ambos compartilham uma combinação de intensa atividade vulcânica e condições extremamente frias, fornecendo aos cientistas uma visão única para entender o planeta vermelho sem precisar pisar em sua superfície.
A análise de rochas nesta ilha remota complementa os estudos à distância realizados por engenheiros, cientistas e astrônomos que investigam Marte. Em 2023, a NASA revelou evidências, coletadas pelo rover Curiosity, indicando que o planeta já teve um clima propício para a vida, com estações cíclicas.

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Pesquisadores acreditam que uma colossal erupção vulcânica transformou a atmosfera marciana, resultando na formação de oceanos e rios que eventualmente evaporaram. Embora as atuais temperaturas em Marte sejam gélidas, em torno de -153ºC, as condições extremas da Antártica podem fornecer insights cruciais sobre as possibilidades de vida em nosso vizinho.
O rover Perseverance, que aterrissou em Marte em fevereiro de 2021 com o objetivo de detectar sinais de vida microbiana passada, vem coletando amostras que serão enviadas à Terra para análise em laboratório até a década de 2030.
De uma caça indiscriminada de focas no início do século 20, passando por erupções vulcânicas e bases secretas de guerra, a Ilha Deception agora se dedica à pesquisa científica – e pode ajudar a descobrir se existe (ou já existiu) vida extraterrestre.
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