Karolina Grabowska/Pexels
O dólar abriu em alta nesta segunda-feira (17) e voltou a ser cotado acima dos R$ 5,40, iniciando uma semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco central do Brasil (BC) se reúne para decidir a nova Selic, taxa básica de juros.
A expectativa do mercado financeiro é de que o Copom mantenha a taxa Selic inalterada em 10,50% ao ano, por conta da aceleração da inflação brasileira, ao mesmo tempo em que os juros permanecem elevados nos Estados Unidos.
Já o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, opera em baixa.
Real está entre as 10 moedas que mais perderam valor frente ao dólar neste ano; veja ranking
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Às 11h10, o dólar subia 0,67%, cotado a R$ 5,4179. Na máxima do dia, já bateu os R$ 5,4184. Veja mais cotações.
Na última sexta-feira, a moeda norte-americana subiu 0,28%, cotado a R$ 5,3819.
Com o resultado, acumulou altas de:
0,80% na semana;
2,24% no mês;
10,60% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,72%, aos 118.805 pontos.
Na sexta, o índice fechou com uma alta de 0,08%, aos 119.662 pontos
Com o resultado, acumulou quedas de:
0,69% na semana;
1,77% no mês;
10,62% no ano.
Entenda o que faz o dólar subir ou descer
DINHEIRO OU CARTÃO? Qual a melhor forma de levar dólares em viagens?
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
O que está mexendo com os mercados?
Na agenda interna, o principal destaque da semana fica com a decisão do Copom. Hoje, inclusive, o Boletim Focus – relatório do BC que reúne as expectativas de economistas do mercado para indicadores econômicos – mostrou pela primeira vez que os especialistas não projetam mais nenhum corte para a taxa Selic em 2024.
Até então, as instituições financeiras projetavam uma redução de 0,25 ponto percentual no juro básico, para 10,25% ao ano – estimativa que foi abandonada. Vale lembrara que, no começo do ano, o mercado acreditava que a taxa Selic encerraria 2024 a 9% ao ano.
O Focus também prevê uma inflação maior para 2024, a 3,96% no fim do ano. Até semana passada, as projeções eram de uma inflação de 3,90%. O mesmo vale para as estimativas para a taxa de câmbio: economistas acreditam que o dólar vai fechar o ano a R$ 5,13, contra R$ 5,05 na última semana.
Todas esses fatores, na verdade, se relacionam. Um dólar mais caro pressiona a inflação brasileira, já que a nossa economia importa muitos produtos. Com preços maiores, o BC não consegue continuar reduzindo as taxas de juros.
E o que tem impulsionado o dólar, principalmente, é a perspectiva de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos. Analistas previam que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deveria iniciar um ciclo de corte nas taxas americanas no começo do ano, o que não aconteceu.
Agora, o mercado espera que isso ocorra somente uma vez no último trimestre, tendo em vista que a economia dos Estados Unidos se mostrou resiliente durante todo o primeiro semestre.
Junto a isso, pesa a incerteza fiscal sobre o Brasil. Na última semana, falas do presidente Lula aumentaram a percepção de que o governo não conseguirá reduzir seus gastos, o que fez disparar o preço do dólar.
Hoje, Lula e sua junta econômica – Rui Costa, ministro da Casa Civil; Fernando Haddad, ministro da Fazenda; Simone Tebet, ministra do Planejamento; e Esther Dweck, ministra da Gestão – se reúnem para falar sobre o orçamento.
“Eu quero fazer a discussão sobre o orçamento e quero discutir os gastos. O que muita gente acha que é gasto, eu acho que é investimento”, afirmou Lula no sábado (14), ao encerrar viagem à Itália.
O presidente deu a declaração em um cenário de pressão de economistas, empresários e investidores para que o governo reduza despesas. Entre as propostas, está a mudança nas regras que tratam dos investimentos mínimos em saúde e educação, a fim de equilibrar o orçamento.
Lula, no entanto, afirmou que não fará ajuste de contas “em cima dos pobres”. O presidente costuma frisar, em discursos, que considera “investimento” o dinheiro destinado à educação. Na semana passada, ele destacou que não pensa em economia apartada do lado social.